Como é fácil encontrar no YouTube canais que nos propiciem
um momento de diversão. Há de tudo nesse site de vídeos: clipes musicais,
trechos de filmes a filmes completos, pessoas desabafando, vídeos pessoais,
virais e, claro, os canais de comédia, dentre tantos outros. Hoje, me deterei
rapidamente no canal “Põe na Roda”.
Eles se descrevem como um “canal de cultura e informação do
universo gay”. O criador do canal, Pedro HMC, tem experiência no ramo do humor,
tendo participado da equipe de redação dos programas Furo e Comédia MTV, colaborando com Dani Calabresa no CQC e nos
programas Fritada e Vamos Rachar, do Multishow. No release
enviado à imprensa sobre o canal, ele afirma que sempre teve vontade de
escrever humor voltado para esse público (o LGBT) e que é pouco representado
pela mídia. “Você vê um monte de programas segmentados, mas o público gay em
geral tem pouca representação, até na internet”, afirma Pedro.
Criado em abril deste ano, o canal traz vídeos interessantes
sobre o universo homossexual. Dentre alguns dos temas já abordados, um vídeo
em especial me chamou bastante atenção. Intitulado de “Não é por ser gay”, o
vídeo tenta quebrar os mais diversos tipos de estereótipos que os homossexuais
sofrem. Não é um vídeo muito longo, aliás, passa por pouco mais de quatro
minutos, mas a mensagem é transmitida de forma clara: não existe um tipo certo
ou ideal de gay. A ideia é claramente se livrar desses estereótipos e,
francamente, eles fizeram um bom trabalho com esse vídeo.
Mas no começo não foi tão fácil acertar a dose de humor.
Foto: Reprodução |
A
crítica de Márcio Caparica, do site Lado Bi, voltado para a temática LGBT, foi
bem desfavorável ao canal. Claro que eles saíram na frente e avaliaram já o
primeiro vídeo, mas, nas palavras de Caparica “o vídeo de estreia deixa bastante
a desejar”. O grupo decide lançar como primeiro vídeo uma paródia da campanha
de conscientização para a economia de água – quando o problema mostrava-se
iminente já no Sudeste – mas erra na dose, ao sugerir que os gays economizem
água como podem: por exemplo, diminuindo a quantidade de chucas ou não lavar o
cabelo para quem faz chapinha. O próprio Márcio mostra-se ainda mais negativo
quando diz que “nesse momento em que a figura do homossexual no humor começa a
fugir dos estereótipos da TV aberta, é bem decepcionante que o vídeo de estreia
de um canal gay, aquele que teoricamente os autores mostrariam a que vieram,
não consiga mandar uma mensagem além do sexo anal”. O vídeo ganhou,
recentemente, uma versão voltada para o público homossexual feminino,
intitulado “Não é por ser lésbica”.
Exatamente por esse motivo que o vídeo “Não é por ser gay”
mostra-se tão majestoso. É quase que um pedido de desculpas aos fãs (adquiridos
de forma fenomenal) que os acompanham desde o começo. É uma maneira de
recomeçar, redefinindo suas ideias e metas para o canal e galgando um novo
degrau numa forma indireta de ativismo social para a temática LGBT. Eles não
pedem que você assine uma petição, nem convocam manifestações, mas alguns de
seus vídeos levam a reflexão e incutem o debate sobre a temática a que se
propõem.
Essa reflexão é vista de forma mais contundente no vídeo opção sexual,
quando eles saem às ruas como repórteres, entrevistando a população para
responder uma simples pergunta: a pessoa já nasce gay ou ela vira gay? A ideia
era fazer uma espécie de “fala povo” e, de forma indireta, uma conscientização
da população.
Vídeo Opção Sexual
Quando alguém respondia que achava que a pessoa virava gay, ao
invés de nascer desse jeito, eles replicavam: “com quantos anos você decidiu
virar hétero, então?”. Quer algo mais irônico do que isso? Esse acaba sendo o
verdadeiro objetivo do canal: fomentar a reflexão a cerca do universo LGBT e quebrar preconceitos. Para manter o humor, eles acabam reproduzindo alguns estereótipos, mas o canal ainda é novo e muitos
ajustes ainda virão até que eles passem o que
desejam representar. Vem pra roda você também! É só apertar o play e esquecer os preconceitos.
*Por: Eduardo Bittencourt
*Revisão: Grupo 01
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