O ser humano está sempre galgando um novo degrau na
escadaria da tecnologia e da comunicação por influência ou dependência dela. Os
aparatos tecnológicos, desde sua criação, sempre estiveram presentes no
cotidiano do homem, inicialmente de forma moderada, restrita a uma parcela
pequena de sua população e, aos poucos, às vezes lentamente demais, se
difundindo para aquele seguimento que jamais imaginamos que também estaria
emerso nesses aparatos.
Foto: Reprodução
A política, como qualquer outro ponto fundamental para a
vida em sociedade, sempre que possível, utilizou-se desses aparatos
tecnológicos para difundir opiniões e, por vezes, ir de encontro a uma
liberdade de comunicação. Desde o jornal, passando pelo rádio, televisão e,
mais recentemente, internet, a política se fez presente e, não poucas vezes, aliou-se
a empresa A ou B do segmento de comunicação para fazer-se ouvir aos seus
semelhantes por ideologia.
As eleições 2014 estão sendo diferente de qualquer outra
eleição na história do país. Nunca antes tanta gente comentou e compartilhou
fatos e opiniões a respeito dos candidatos, utilizando meios de impactar mais
pessoas do que um simples papo cara-a-cara. Se algum amigo seu valida sua
opinião, ele compartilha ela para seus outros amigos e assim ela vai se espalhando
mais rápido do que a força do pensamento. Ok. Aqui, talvez, tenha havido um
pouco de exagero. Será? Com o crescimento da importância das redes sociais na
campanha política, em tese, qualquer um pode dizer ou compartilhar a opinião
que quiser. Os conteúdos ficaram mais fáceis de serem acessados. Agora o
eleitor não precisa mais comprar o jornal diário ou esperar o telejornal que
coincida com sua rotina para saber das notícias em relação à política ou ao seu
candidato. Basta acessar qualquer site de notícias ou mesmo logar em sua conta
no Facebook ou Twitter e vai ver várias notícias a respeito da vida diária da
eleição. Militantes – e não apenas eles – compartilham conteúdo ou mesmo sua
própria opinião por meio de seus perfis nas redes sociais. Muito vão além.
Compartilham o link para a notícia acompanhado de um pequeno texto que, muito
além de apenas resumir o conteúdo da matéria compartilhada, expressa a opinião
do internauta a respeito da reportagem, do candidato ou fato citado na matéria,
do momento atual da política, muitas vezes deixando explícito em qual candidato
vai votar e porquê votará naquele candidato. É uma forma talvez mais eficiente
de propaganda eleitoral do que qualquer horário eleitoral gratuito e
obrigatório na programação de emissoras de rádio e TV.
As redes sociais já haviam desempenhado um papel importante
nas últimas eleições para presidente, em 2010. Em agosto de 2010, Karen
Fukushima escreveu uma reportagem para a Revista Ideias intitulado O papel das mídias sociais nas eleições.
Àquela época, falava-se muito da influência que mídias sociais como o finado
Orkut e o Twitter teriam para os candidatos, inclusive a própria Fukushima
falava de como o Twitter tinha o papel de humanizar e transformar o candidato
numa figura mais real e mais próxima do eleitor. Afora isso, o artigo aborda
ainda a iniciativa de dois brasileiros, Paula Góes e Diego Casaes, que criaram
o projeto Eleitor 2010 onde era possível agrupar denúncias de fraudes, compra
de votos e outras infrações em um site e um perfil no Twitter, o @eleitor_2010.
Assim ficaria mais fácil para qualquer eleitor ter uma mínima ideia do caráter
ético do seu candidato o que poderia influenciar no seu voto.
Foto: Reprodução/ Facebook Dilma Bolada
Nas eleições de 2014, com a morte do Orkut, o Facebook
junta-se ao Twitter como um dos grandes influenciadores de opinião e
tornando-se a maior plataforma de compartilhamento de ideias e opiniões. Perfis
como o Dilma Bolada não apenas funciona como um meio de entretenimento, ao
falar de forma leve e brincalhona a respeito de assuntos relacionados a
presidente do Brasil, Dilma Rousseff, mas serve até mesmo de propaganda para o
governo, pelo menos é o que defende Marcelo Vitorino, em seu artigo Dilma Bolada: Publicidade disfarçada e seusefeitos nas eleições, para o blog Presença Online. Em julho de 2014,
Jeferson Monteiro, criador da personagem Dilma Bolada, decidiu tirar do ar os
perfis no Facebook e no Twitter de sua personagem para avaliar como seria sua
atuação na campanha. Entretanto, Monteiro voltou atrás dias depois. Em seu
artigo para o Presença Online, Marcelo Vitorino deixou claro sua opinião de que
“Jeferson tentou sim comercializar seu canal para ter algum tipo de retorno
financeiro”, mas que os números proporcionados pelos perfis da personagem eram
muito pequenos se comparado a quantidade de eleitorado que a candidata petista
havia conseguido nas eleições de 2010 e que, por isso, o valor da personagem
não seria tão grande. Ele conclui seu texto com duas observações: “após a
publicação deste texto, a Folha de S. Paulo noticiou que Jeferson Monteiro será
consultor do PT nas eleições de 2014” e “Jeferson Monteiro entrou em contato
com o Presença Online por meio de seu perfil pessoal no Twitter e negou
qualquer envolvimento no PT”.
Outra rede social que ganhou relevância – de forma
surpreendente – nas eleições 2014 foi o WhattsApp. O aplicativo para celular
que envia mensagens online tornou-se uma plataforma muito bem-vinda para
aqueles que gostam de militar por um partido para espalhar notícias e releases
de seus candidatos. Não se tornou incomum pessoas “bipando” outras por meio
desse aplicativo em conversa privada ou através de grupos para compartilhar
notícias, fotos e vídeos de seu candidato. A qualquer hora! A jornalista e
professora da Universidade Federal da Bahia, Malu Fontes, chamou a atenção do
papel das redes sociais e, especificamente, do WhattsApp em seu artigo para o
Correio* intitulado de A eleição invadiu sua cama.
Foto: Reprodução/ Twitter
Mas por que centrar-se apenas no caráter sério do forte
papel das redes sociais nas eleições? Após debates, entrevistas ou, até mesmo,
simples propaganda política, muitos candidatos ganharam mais notoriedade após
tornarem-se memes na internet. Nas eleições de 2014, esse papel coube
principalmente a Luciana Genro (candidata pelo PSOL) e Eduardo Jorge (candidato
pelo PV). Eduardo Jorge ganhou bastante notoriedade pelas suas publicações no
Twitter e pelo seu desempenho nos debates eleitorais. Genro, por sua vez,
destacou-se ao falar verdades e se impor perante os candidatos tidos como
favoritos para as eleições presidenciais.
Nesse contexto, os polegarzinhos e as polegarzinhas de Michel Sarres acabam não sendo tão positivos. Em sua ânsia de tudo saber e tudo compartilhar nas redes sociais, acabam, muitas vezes, por conhecer uma notícia superficialmente e, antes mesmo de apurar sua veracidade ou não, compartilham em suas redes sociais, passando a influenciar aqueles a quem é tido como líder de opinião. Claro que, nesse contexto, há certas figuras que possuem mais credibilidade do que outras para expressar suas opiniões, essas são chamadas de líderes de opinião.
Vídeo: Eleição 2014 - Doritos vs Ruffles
Para finalizar, articulando a
política com o play, que é o tema desse nosso blog, muitos vídeos foram feitos
a respeito das eleições, um em especial me marcou muito. A forma como ele
utiliza dos clássicos salgadinhos para representar o grande dilema das eleições
presidenciais de 2014 é sagaz e articulado. O vídeo intitulado Eleição 2014 – Doritos vs Ruffles é
apenas uma figura para o grande embate entre os candidatos que avançaram ao
segundo turno: a petista Dilma Rousseff (no vídeo representada pelo Doritos) e
Aécio Neves (no vídeo, Ruffles). Para conferir o vídeo e beber dessa sagacidade
de autoria de Chico Rezende, aperta o play e boa diversão!
*Por: Eduardo Bittencourt
Revisão: Grupo 01
No comments:
Post a Comment