Os jornalistas têm um grande egoísmo ao falarem do seu papel
informacional na sociedade. Hoje, vamos falar sobre um importante elemento no
processo comunicacional: o receptor. Ele, que antes era passivo à mensagem que
lhe é mostrada, agora passa a ser produtor legítimo de informação.
Muito se discute sobre a quebra do pólo emissor e o papel da
internet na produção de conteúdo pelos indivíduos. Blogs e sites são algumas
das plataformas que as pessoas utilizam para discorrer sobre assuntos diversos
e compartilhar suas opiniões com o mundo. Mas, se tratando do nosso objeto de
estudo, o youtube, ele também tem servido para o novo conceito de jornalismo
colaborativo. O uso das tecnologias móveis tem empoderado os usuários da rede,
de maneira que eles podem produzir conteúdos audiovisuais e informar o que
acontece na cidade, seja a partir de vídeos e/ou imagens compartilhadas em
redes sociais.
Foto: Reprodução |
Basta um celular na mão e pronto. Algumas emissoras de TV têm
pago pelas imagens amadoras feitas pelos seus expectadores. Nem sempre há
equipes disponíveis, então pessoas que estão no local do fato passam a ser os
repórteres das emissoras, ganhando em média R$50,00 por seus registros
fotográficos. Só que a história não fica por aí. Muitos vídeos amadores estão
no youtube à disposição de todos, sejam de shows ou de fatos cotidianos. Em se
tratando do jornalismo, escolhemos um canal bastante conhecido para a nossa
análise da semana: o Mídia Ninja.
O grupo Mídia Ninja (Narrativas
Independentes, Jornalismo e Ação) é um coletivo alternativo de comunicação
que produz vídeos e fotos de ações corriqueiras do dia a dia de grandes centros
urbanos. O grupo ganhou visibilidade durante as manifestações ocorridas em 2013
quando vídeos divulgados por eles colocavam em crédito o que era noticiado e o
que era invisibilizado pela grande mídia. O diário francês, Le Mond, chegou a
chamá-los de “mídia social das manifestações no Brasil”.
O canal do Mídia Ninja apresenta situações das mais variadas,
desde briga entre ciclista e motorista, passando por desrespeito a idosos e até
a situação na Faixa de Gaza. Para Sylvia Debossan Moretzsohn, professora da
Universidade Federal Fluminense no Rio de Janeiro, “a Mídia Ninja vem preencher
uma lacuna, sobretudo porque recupera essa reportagem de rua, essa ênfase no
que está acontecendo neste momento e ao vivo", afirma.
Vídeo mostra homem roubando iate
Trazendo a leitura do livro Polegarzinha, nota-se que o Mídia
Ninja expressa justamente a relação dos polegares com os dispositivos móveis.
Tudo passa a ser registrado e compartilhado com sua rede de amigos. Essa
facilidade na transmissão de informações é o que faz com que o protagonismo
social do coletivo ganhe evidência. “Com sua onda, a tagarelice rejeita essa
oferta e anuncia, inventa, apresenta nova demanda, provavelmente de um novo
saber” (SERRES, Michel. Polegarzinha). Esse é o desejo do Mídia Ninja, oxigenar
a mídia a partir da construção de conteúdo em tempo real. E essa tagarelice
citada por Serres é vista a partir dos inúmeros vídeos sobre fatos diversos postados no canal do coletivo. E pra quem pensa que é difícil produzir essa “tagarelice”, Pablo
Capilé, um dos idealizadores do Mídia Ninja resume em poucas palavras o que é
preciso: “Disposição, um celular na mão e um carregador de bateria”.
Caro leitor, nossos posts estão chegando ao fim. Mas, uma
coisa é certa: com o poder que temos com os dispositivos móveis, tudo pode se
perpetuar. Continue produzindo coisas, curtindo, compartilhando. E não se
esqueça: o poder está nas mãos. Somos todos polegarzinhos.
Até mais.
*Por: Analú Ribeiro
Revisão: Grupo 01
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