Wednesday, December 10, 2014

O poder está nas mãos

Os jornalistas têm um grande egoísmo ao falarem do seu papel informacional na sociedade. Hoje, vamos falar sobre um importante elemento no processo comunicacional: o receptor. Ele, que antes era passivo à mensagem que lhe é mostrada, agora passa a ser produtor legítimo de informação.

Muito se discute sobre a quebra do pólo emissor e o papel da internet na produção de conteúdo pelos indivíduos. Blogs e sites são algumas das plataformas que as pessoas utilizam para discorrer sobre assuntos diversos e compartilhar suas opiniões com o mundo. Mas, se tratando do nosso objeto de estudo, o youtube, ele também tem servido para o novo conceito de jornalismo colaborativo. O uso das tecnologias móveis tem empoderado os usuários da rede, de maneira que eles podem produzir conteúdos audiovisuais e informar o que acontece na cidade, seja a partir de vídeos e/ou imagens compartilhadas em redes sociais.

Foto: Reprodução

Basta um celular na mão e pronto. Algumas emissoras de TV têm pago pelas imagens amadoras feitas pelos seus expectadores. Nem sempre há equipes disponíveis, então pessoas que estão no local do fato passam a ser os repórteres das emissoras, ganhando em média R$50,00 por seus registros fotográficos. Só que a história não fica por aí. Muitos vídeos amadores estão no youtube à disposição de todos, sejam de shows ou de fatos cotidianos. Em se tratando do jornalismo, escolhemos um canal bastante conhecido para a nossa análise da semana: o Mídia Ninja.

O grupo Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) é um coletivo alternativo de comunicação que produz vídeos e fotos de ações corriqueiras do dia a dia de grandes centros urbanos. O grupo ganhou visibilidade durante as manifestações ocorridas em 2013 quando vídeos divulgados por eles colocavam em crédito o que era noticiado e o que era invisibilizado pela grande mídia. O diário francês, Le Mond, chegou a chamá-los de “mídia social das manifestações no Brasil”.

O canal do Mídia Ninja apresenta situações das mais variadas, desde briga entre ciclista e motorista, passando por desrespeito a idosos e até a situação na Faixa de Gaza. Para Sylvia Debossan Moretzsohn, professora da Universidade Federal Fluminense no Rio de Janeiro, “a Mídia Ninja vem preencher uma lacuna, sobretudo porque recupera essa reportagem de rua, essa ênfase no que está acontecendo neste momento e ao vivo", afirma.

Vídeo mostra homem roubando iate 

Trazendo a leitura do livro Polegarzinha, nota-se que o Mídia Ninja expressa justamente a relação dos polegares com os dispositivos móveis. Tudo passa a ser registrado e compartilhado com sua rede de amigos. Essa facilidade na transmissão de informações é o que faz com que o protagonismo social do coletivo ganhe evidência. “Com sua onda, a tagarelice rejeita essa oferta e anuncia, inventa, apresenta nova demanda, provavelmente de um novo saber” (SERRES, Michel. Polegarzinha). Esse é o desejo do Mídia Ninja, oxigenar a mídia a partir da construção de conteúdo em tempo real. E essa tagarelice citada por Serres é vista a partir dos inúmeros vídeos sobre fatos diversos postados no canal do coletivo. E pra quem pensa que é difícil produzir essa “tagarelice”, Pablo Capilé, um dos idealizadores do Mídia Ninja resume em poucas palavras o que é preciso: “Disposição, um celular na mão e um carregador de bateria”.

Caro leitor, nossos posts estão chegando ao fim. Mas, uma coisa é certa: com o poder que temos com os dispositivos móveis, tudo pode se perpetuar. Continue produzindo coisas, curtindo, compartilhando. E não se esqueça: o poder está nas mãos. Somos todos polegarzinhos.


Até mais.

                                                                                                         
*Por: Analú Ribeiro
Revisão: Grupo 01

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