Você, caríssimo leitor do nosso Aperta O Play, já está
acostumado com o modo como a coisa começa por aqui: dê um pause. Para não
perder a tradição (e, venhamos e convenhamos, essa época do ano é repleta
disso!), interrompamos um pouco nossos afazeres diários e juntemo-nos nesse
clima de despedida e retrospectiva.
Com o intuito de preencher as demandas da disciplina
Comunicação e Tecnologia, a ideia de fazer um blog falando sobre canais do
YouTube surgiu quando cinco alunos de Comunicação social foram confrontados com
a necessidade de fazer posts semanais sobre determinado tema que abordasse um
aspecto tecnológico. Difícil.
A ideia, portanto, de abordar essa temática, se deve ao fato
de que precisávamos de um tema sobre o qual desse prazer de escrever. Algo simples,
algo com o que pudéssemos nos conectar. Algo sobre o que detivéssemos algum
conhecimento e com o que nos relacionávamos. Algo que desse a oportunidade de
discorrer sobre uma gama de assuntos, todos relacionados a um ponto em comum.
Ora, a resposta foi aparente: vamos falar sobre os canais do YouTube. Afinal,
juntamos em uma mesma plataforma elementos como música, cinema e política.
E, de fato, juntamos.
Ao longo dessas muitas semanas, discutimos aqui assuntos como
redes, conexão, mobilidade e política. Trazendo sempre opções de canais ligados
ao tema da semana, além de um pouquinho do que encontramos de mais variado e
divertido na internet. Até canal com dicas culinárias para casais rolou por
aqui, enquanto usávamos nossos polegares para discutir e refletir sempre junto
com o caro leitor.
Agora, na reta final, nos 45 minutos do segundo tempo, a
equipe realiza o seu último post obrigatório. Por agora, claro. Nunca sabemos o
que há à espera na outra curva da esquina, conforme também aprendemos por aqui.
Nesse clima de fim de ano, nos despedimos e convidamos todos os leitores a
apertarem novamente o play – agradecendo sempre a atenção de quem por ventura
passou por aqui.
A arquitetura disforme
da cidade de Buenos Aires, as fobias sociais e a cultura da era virtual são
determinantes para aumentar a solidão dos argentinos que moram sozinhos na
capital do país. Essa história foi contada por Gustavo Taretto no filme Medianeras – Buenos Aires da Era do Amor Digital, filmado na Argentina e na Espanha, que chegou aos cinemas
brasileiros em setembro de 2011.
Cartaz do filme / Foto: Reprodução
A história de
dois jovens solitários é contada em uma hora e meia de filme. Martín (Javier
Drolas) vive sozinho com o cachorro da ex-namorada que o deixou para morar
nos Estados Unidos. Desde então, o personagem que é um web designer (trabalha criando sites para empresas), passou a
viver trancado em seu apartamento em uma área do subúrbio da cidade –
sem janelas, sem luz e praticamente sem ar. Martín é tão incomodado com a
arquitetura e mobilidade de Buenos Aires que, até na hora de sair para passear
com o cachorro, prefere pagar para que alguém o faça. Seus únicos amigos – além
do cachorrinho – são os games e as
pessoas que conheceu nas salas de bate-papo online.
Mariana (Pilar
López de Ayala) é uma estudante de arquitetura que se refugiou em seu pequeno
apartamento depois de terminar um relacionamento de quase quatro anos de duração. Diferentemente
de Martín, Mariana consegue sair de casa, mas sempre visita os mesmos lugares
específicos aos quais chama de seu: os prédios de que mais gosta na cidade e o
observatório espacial.
"Lembra que o mundo não gira ao meu redor, que sou uma parte muito pequena de um planeta, que faz parte de um sistema, que faz parte de uma galáxia, que, como milhares de galáxias, faz parte de um universo".
A sua principal fobia é, para uma futura arquiteta, um tanto inusitada: andar de elevador. Mariana, além de
estudar arquitetura, é decoradora de vitrines de loja. Anda para lá e para
cá, nas ruas de Buenos Aires, com manequins abraçados ao corpo. A sua principal diversão, que veio
desde a infância, é procurar o Wally, do livro infantil "Onde Está Wally?". Ela já conseguiu o encontrar em todos os
lugares – exceto por um. Mesmo depois de buscar com lentes de aumento
e repetir o processo diariamente, Mariana nunca o encontrou na cidade.
Nunca.
Mariana e o manequim de plástico / Foto: Reprodução
A depressão
começa a tentar invadir o recinto dos dois jovens. Martín e Mariana são
vizinhos, agem diferente, pensam parecido, são solitários e não se conhecem. Entre
desencontros e citações de Woody Allen e Tim Burton, a história que surgiu a
partir de um curta-metragem lançado em 2005 mostra a relação entre as pessoas, a
modernidade e uma cidade que cresceu de maneira desordenada.
Talvez a principal
semelhança entre Martín e Mariana seja que os dois moram nas medianeras.
Medianeras, ou
paredes cegas, são as laterais dos prédios que viraram murais de publicidade e
já foram, no passado, locais utilizados por artistas para exibir as suas obras. As
medianeras são uma das principais prisões dos jovens, que vivem em um prédio em
frente ao outro: por conta das propagandas publicitárias, seus apartamentos não
podem ter janelas laterais. Na Argentina, a construção de janelas nas
medianeras é proibido por lei e motivo de muitas disputas judiciais no país.
As desventuras
de Martín e Mariana na grande capital argentina, a sua relação com o amor e com
a era digital podem caracterizar o filme como um drama urbano, triste, feliz,
melancólico e belo – tão confuso e paradoxal quanto a história.
O que é a mobilidade senão nossa capacidade de se mover,
sair da estagnação, mostrar que somos mais do que simples seres plânctons?
Pesquisando nos dicionários da vida, e aqui me deterei no dicionário online de
português, a palavra mobilidade é classificada como substantivo feminino e
definida como uma qualidade daquilo que se move, do que se consegue movimentar.
A palavra é ainda definida como a capacidade de se mudar, de ir a outro lugar
com rapidez: mobilidade de pessoas.
Foto: Reprodução
Em diversos sentidos que se pense sobre mobilidade, fica
claro que a ideia de movimento está aí implicitamente relacionada. Há tanto
tipos diferentes de mobilidades que nos perdemos no meio de tantas
classificações: mobilidade urbana, mobilidade social, mobilidade tecnológica,
mobilidade corporal... Ufa! Pode ter certeza que os tipos de mobilidade não se
limitam a isso. E, de certa forma, a depender do olhar que você tenha sobre
esses tipos de mobilidade, uma está intimamente interligada com a outra.
Historicamente, muito se fala da (falta de) mobilidade
social. Durante muito tempo ficou clara a dificuldade ou inexistência desse
tipo de movimentação, com a famosa pirâmide social estratificada da Idade
Média, em que os membros que faziam parte da nobreza, feudal ou real,
continuavam a manter o título, ainda que enfrentasse alguma crise financeira
qualquer e continuaria sendo considerado como nobre. Já os camponeses quando,
por um milagre da vida, conseguia amontar certa quantidade de ouro que o
colocasse em condição econômica de conforto, continuaria fazendo parte da
plebe. A forte estratificação social foi, aos poucos, sendo vencida, ainda que
hoje em dia seja difícil uma mudança plena de classe social, mesmo que hoje em
dia não se divida mais a sociedade entre clero, nobreza e breve, mas em pobres
e ricos.
Pirâmide social feudal: Sem mobilidade social. (Foto: Reprodução)
Mobilidade também é a que diz respeito a movimentação de
pessoas e veículos pelas vias públicas. A mobilidade urbana está
intrinsecamente ligada ao direito de ir e vir de qualquer cidadão. É
interessante notar que as próprias cidades brasileiras têm pensado mais nessa
questão, talvez por estar tão entranhado no homem esse desejo de liberdade de
fluxo, de poder ir e vir quando quiser, para onde quiser. O projeto SalvadorVai de Bike é uma das iniciativas da prefeitura de Salvador para facilitar a
mobilidade dos soteropolitanos. Inaugurado em setembro de 2013, o projeto
consiste no compartilhamento de bicicletas na capital baiana, através de um
sistema de ciclofaixas que foi construído em diversos bairros de Salvador,
principalmente na Orla.
Além disso, o projeto está inteiramente ligado à questão da
tecnologia, pois para começar a utilizar as bicicletas do movimento, o usuário
precisa antes se cadastrar no sistema através do site pela internet e pagar uma
anuidade de R$ 10 reais. Para destravar a bicicleta, o usuário precisa apenas
ligar para o número 4062-7024 ou utilizar o aplicativo do Bike Salvador para
smartphones, informando o número de identificação da estação e da bicicleta que
deseja retirar. Assim, a mobilidade urbana passa a se relacionar com outro tipo
de mobilidade: a tecnológica. Estando disponível através de aplicativo ou por
telefone, o sistema agrada tanto aos que ainda não estão imersos no sistema dos
smartphones, mas também aqueles que possuem esta tecnologia.
Vídeo da Prefeitura de Salvador explicando como funciona o "Salvador vai de Bike"
Outro modo de se pensar na associação entre mobilidade
urbana e tecnológica são os aplicativos de carona. A empresa Uber, por exemplo,
atua no Brasil por meio de um aplicativo de caronas personalizadas. Ou seja, o
aplicativo articula motoristas em carros executivos, espalhados pela cidade por
meio de algoritmos. A eficiência é garantida no momento em que se otimiza não
apenas a demanda, mas também a oferta do serviço, através da informação.
Entretanto, ainda mais revolucionário é o serviço lançado pela operadora de celular
dos Estados Unidos, a Verizon. Chamado de Auto Share, ele permite que qualquer
usuário coloque seu carro para alugar, gerando renda, por exemplo, enquanto
você está em seu escritório trabalhando. E para evitar roubos, todos os
usuários são certificados pela operadora.
E assim os smartphones passam a se inserir cada vez mais no
cotidiano do ser humano, deixando de ser apenas um simples aparto tecnológico e
se tornando, de certa forma, uma extensão do homem, armazenando número de
telefones e compromissos que antes deviam ser memorizados. A comodidade é tanta
que dificilmente alguém grava o número de outra pessoa. Está tudo ali, salvo na
agenda do telefone e pode ser acessado com um simples toque do polegar. E, dessa forma, me movo em direção ao futuro, agradecendo a todos por ler cada postagem. Obrigado por cada play apertado, cada linha lida, cada novidade descoberta. Até a próxima!
Os jornalistas têm um grande egoísmo ao falarem do seu papel
informacional na sociedade. Hoje, vamos falar sobre um importante elemento no
processo comunicacional: o receptor. Ele, que antes era passivo à mensagem que
lhe é mostrada, agora passa a ser produtor legítimo de informação.
Muito se discute sobre a quebra do pólo emissor e o papel da
internet na produção de conteúdo pelos indivíduos. Blogs e sites são algumas
das plataformas que as pessoas utilizam para discorrer sobre assuntos diversos
e compartilhar suas opiniões com o mundo. Mas, se tratando do nosso objeto de
estudo, o youtube, ele também tem servido para o novo conceito de jornalismo
colaborativo. O uso das tecnologias móveis tem empoderado os usuários da rede,
de maneira que eles podem produzir conteúdos audiovisuais e informar o que
acontece na cidade, seja a partir de vídeos e/ou imagens compartilhadas em
redes sociais.
Foto: Reprodução
Basta um celular na mão e pronto. Algumas emissoras de TV têm
pago pelas imagens amadoras feitas pelos seus expectadores. Nem sempre há
equipes disponíveis, então pessoas que estão no local do fato passam a ser os
repórteres das emissoras, ganhando em média R$50,00 por seus registros
fotográficos. Só que a história não fica por aí. Muitos vídeos amadores estão
no youtube à disposição de todos, sejam de shows ou de fatos cotidianos. Em se
tratando do jornalismo, escolhemos um canal bastante conhecido para a nossa
análise da semana: o Mídia Ninja.
O grupo Mídia Ninja (Narrativas
Independentes, Jornalismo e Ação) é um coletivo alternativo de comunicação
que produz vídeos e fotos de ações corriqueiras do dia a dia de grandes centros
urbanos. O grupo ganhou visibilidade durante as manifestações ocorridas em 2013
quando vídeos divulgados por eles colocavam em crédito o que era noticiado e o
que era invisibilizado pela grande mídia. O diário francês, Le Mond, chegou a
chamá-los de “mídia social das manifestações no Brasil”.
O canal do Mídia Ninja apresenta situações das mais variadas,
desde briga entre ciclista e motorista, passando por desrespeito a idosos e até
a situação na Faixa de Gaza. Para Sylvia Debossan Moretzsohn, professora da
Universidade Federal Fluminense no Rio de Janeiro, “a Mídia Ninja vem preencher
uma lacuna, sobretudo porque recupera essa reportagem de rua, essa ênfase no
que está acontecendo neste momento e ao vivo", afirma.
Vídeo mostra homem roubando iate
Trazendo a leitura do livro Polegarzinha, nota-se que o Mídia
Ninja expressa justamente a relação dos polegares com os dispositivos móveis.
Tudo passa a ser registrado e compartilhado com sua rede de amigos. Essa
facilidade na transmissão de informações é o que faz com que o protagonismo
social do coletivo ganhe evidência. “Com sua onda, a tagarelice rejeita essa
oferta e anuncia, inventa, apresenta nova demanda, provavelmente de um novo
saber” (SERRES, Michel. Polegarzinha). Esse é o desejo do Mídia Ninja, oxigenar
a mídia a partir da construção de conteúdo em tempo real. E essa tagarelice
citada por Serres é vista a partir dos inúmeros vídeos sobre fatos diversos postados no canal do coletivo. E pra quem pensa que é difícil produzir essa “tagarelice”, Pablo
Capilé, um dos idealizadores do Mídia Ninja resume em poucas palavras o que é
preciso: “Disposição, um celular na mão e um carregador de bateria”.
Caro leitor, nossos posts estão chegando ao fim. Mas, uma
coisa é certa: com o poder que temos com os dispositivos móveis, tudo pode se
perpetuar. Continue produzindo coisas, curtindo, compartilhando. E não se
esqueça: o poder está nas mãos. Somos todos polegarzinhos.
Todo artista que visa o sucesso
em sua carreira musical deve estar atento às novas demandas do mercado. Mais do
que medir se uma música é comercial ou não, as paradas musicais de cada país
servem para retratar o interesse do público em determinada canção,
utilizando-se de critérios específicos que podem variar de país para país.
Foto: Reprodução
É um consenso que a principal
parada musical mundial é a Billboard que muito além de uma revista
norte-americana, mostra quais as músicas que estão no gosto do povo estadunidense
semanalmente. Indiscutível que toda essa importância da Billboard está atrelada
a relevância dos Estados Unidos no comércio e na política mundial. Entretanto,
as paradas de sucesso americanas têm uma metodologia tão organizada que além de
medir as 100 músicas de maiores sucessos no país, a publicação retrata também
esse sucesso em seguimentos de determinados gêneros: como o Pop, o R&B/Hip
Hop, o Country, o Rock, o Gospel, dentre outros seguimentos de rádios. Aqui vou
me deter na metodologia utilizada pela revista americana Billboard para decidir
quais as 100 músicas de maior sucesso na semana no país: a revista utiliza a
audiência nas rádios (que é cumulativa), as vendas digitais de cada música
durante a semana e os streamings (serviços on demand, como o Spotify, e
visualizações no YouTube). Para esse tripé – audiência, vendas, streamings – a
Billboard distribui pesos diferentes. Atualmente, os streamings possuem peso
maior, seguido pelas vendas digitais e a audiência com um peso levemente
inferior.
A verdade é que com a força dos
streamings, apertar o play do vídeo de seu artista favorito nunca colaborou
tanto para o sucesso dele como vem acontecendo desde 2012. Alguns casos são
mais válidos para retratar essa realidade: os vídeos de “Ai Se Eu Te Pego!”,
“Gangnam Style”, “Halem Shake”, “Wrecking Ball” e “Anaconda”. Desses cinco,
apenas os dois últimos estão contidos dentro do canal VEVO, que é o canal
utilizado pelos artistas para fazerem upload de seus vídeos oficiais. Entretanto,
as visualizações para a contagem de streaming só servem dos usuários que estão
no país de onde é a parada musical. Um acesso de um brasileiro que esteja no
Brasil não contará para as paradas musicais americanas, porém se um brasileiro
acessar um vídeo estando nos Estados Unidos, então esse acesso é contabilizado.
Vídeo oficial da canção "Anaconda"
Antes de explicitar a relevância
dos streamings com pequenos estudos de caso, vale ressaltar que a metodologia
que a Billboard utiliza para contabilizar as paradas musicais americanas passou
a ser usada também por outras paradas musicais de outros países com o passar do
tempo, a exemplo do Reino Unido que quebrou uma tradição onde as vendas
semanais detinham quase todo o peso sobre a ordem dos charts semanais e passou
a fornecer uma parcela de significância aos streamings. Países como a Espanha,
por exemplo, já possuem uma parada musical destinada inteiramente aos
streamings realizados no país. O Brasil, infelizmente, ainda não possui uma
parada musical que seja inteiramente segura, cabendo ao Crowley Broadcast
Analysis monitoras as estações de rádios do país, sem haver divulgação de
vendas semanais dos singles no iTunes brasileiro (embora as vendas por esse
serviço no Brasil ainda sejam bem pequenas), nem quantidade de execuções de um
determinado vídeo no YouTube, como acontece em países como Estados Unidos e
Reino Unido.
Já no ano de 2010, os vídeos
passaram a atingir muitas visualizações em pouco tempo, com Bad Roamance de
Lady GaGa, Baby de Justin Bieber e Waka Waka da Shakira, passando rapidamente
dos 300 milhões de acessos em pouco tempo. No ano seguinte, On the Floor
superou o vídeo da artista pop Lady GaGa e se tornou o vídeo feminino mais
visto de todos os tempos, posição que ocupa até o momento. Foi nesse ano também
que o cantor sertanejo brasileiro Michel Teló atingiu o topo das paradas de
países como Portugal, Espanha, Alemanha, Bélgica, Suíça, França, dentre tantos
outros, e começou a ganhar muitos acessos para um vídeo brasileiro. Atualmente,
o vídeo da canção “Ai Se Eu Te Pego!” possui mais de 500 milhões de
visualizações e, graças ao sucesso da canção nas rádios latinas dos Estados
Unidos e dos acessos dos americanos ao vídeo da música, Teló se tornou o
primeiro brasileiro a aparecer no Hot 100 da Billboard desde que Sérgio Mendes
ingressou pela última vez nessa parada musical, no final da década de 1970.
Vídeo oficial da canção "Ai Se Eu Te Pego!"
Se o caso de Michel Teló já teve
uma grande repercussão, os dois casos seguintes redefiniram o significado de
sucesso no YouTube. Assim como a canção de Teló, o vídeo de Gangnam Style, do
rapper sul-coreano PSY, não estava cadastrado no canal VEVO. O sucesso da
música foi ainda maior do que aconteceu com Teló e PSY viu seu single de
trabalhar chegar ao topo das principais tabelas musicais de todo o mundo. Mas,
para além do seu sucesso nos charts, não foi a rádio quem impulsionou o sucesso
de “Gangnam Style”, mas sim os acessos ao seu polêmico vídeo. A dança do
cavalo, uma das marcas do vídeo que, segundo o próprio rapper é uma paródia da
burguesia sul-coreana, nunca foi tão acessada como com esse vídeo. Não foi com
dificuldades que “Gangnam Style” se tornou o vídeo mais visto da história do
YouTube, possuindo mais de 2 bilhões de acessos e quebrando o recorde do número de visualizações que o YouTube esperava que algum vídeo pudesse chegar algumdia. O sistema estava preparado pata atender vídeos que
alcançassem até 2.147.483.647 visualizações, número que “Gangnam Style”
ultrapassou já há alguns dias.
Vídeo oficial da canção "Gangnam Style"
Outro caso particular que gerou
bastante polêmica – e levou a Billboard a questionar o poder dos streamings – é
o de Halem Shake. Dessa vez, não foi o vídeo oficial produzido pelo DJ Baauer
para sua música, mas várias paródias de 30 segundos, com pessoas variadas (ou
montagens de filmes, vídeos) em que um trecho da música era tocado. As paródias
de Halem Shake que eram hospedadas no YouTube se espalharam como viral em
diversos países, inclusive no Brasil. Nos Estados Unidos, pela primeira vez na
história das paradas musicais do país, uma música que não havia sido nem a mais
vendida, nem a mais executada pelas rádios na semana chegava ao topo da
principal tabela musical do país. A canção do DJ Bauer chegou ao top 10 de
inúmeros países, como Reino Unido, França e Austrália, porém foi desapareceu
cerca de dois meses e meio depois, de forma tão abrupta como surgiu.
Compilação de 5 paródias com trechos da música "Halem Shake"
Para finalizar, não apenas vídeos
inusitados e engraçados viralizaram após o sucesso do YouTube e,
principalmente, do canal VEVO. Os polêmicos vídeos de Miley Cyrus (2013) e
Nicki Minaj (2014) atingiram recordes de acessos em 24 horas para um vídeo
hospedado no VEVO. No dia 9 de setembro de 2013, era lançado o vídeo Wrecking
Ball, segundo single do álbum Bangerz, de Miley Cyrus. Em 24 horas, o vídeo
obteve 19,3 milhões de visualizações, se tornando o vídeo mais assistido no
canal VEVO em seu dia de estreia. A repercussão do polêmico clipe musical levou
a artista ao topo de importantes tabelas musicais, como Estados Unidos, Reino
Unido e Nova Zelândia, além de se figurar no top 10 de diversos outros países,
como França, Bélgica e Alemanha. No Brasil, a canção obteve sucesso semelhante,
não tanto nas rádios que atualmente são dominadas por canções do sertanejo,
mas, principalmente, em plataformas digitais e de streamings. A letra de
Wrecking Ball ficou cerca de 1 mês e meio como a mais acessada no site de
letras e cifras Vagalume. Em 6 dias, o vídeo de Cyrus conseguiu superar a marcade 100 milhões de acessos na plataforma VEVO, recorde que detém até hoje. Além
disso, é possível encontrar inúmeros covers e paródias do vídeo, uma delas tão
popular que atingiu a marca de 100 milhões de acessos.
Vídeo oficial da canção "Wrecking Ball"
Com sucesso relativamente menor,
mas impacto semelhante, o vídeo de Anaconda de Nicki Minaj superou o recordeque pertencia a Wrecking Ball e obteve 19,6 milhões de acessos em 24 horas e
atingindo a marca de 100 milhões cerca de 10 dias após o lançamento. Apesar de
não conseguir atingir o topo de nenhuma tabela musical oficial, Anaconda
figurou no top 10 de países como Austrália, Canadá e Irlanda e mostrou que o
poder dos streamings vem crescendo cada vez mais, não apenas pelos serviços de
on demand, com a popularização de serviços de música como Spotify e Xbox Music,
mas, principalmente, com o acesso a vídeos no YouTube ou em outras plataformas
de vídeos, como o Dailymotion. Então, se em seu país as tabelas musicais contam
as visualizações para medir o desempenho do single, então corra ao YouTube,
aperte o play e ajude seu artista favorito a atingir uma boa posição nos
charts. Caso contrário, aperte o play apenas por apertar e confira os mais
variados vídeos musicais hospedados no site, que vão desde danças icônicas,
como Single Ladies da Beyoncé, até apresentações de rock, como a apresentação
ao vivo de Blackbird da banda Alter Bridge.
Houve um tempo em que o uso da tecnologia era ínfimo. As relações sociais eram pautadas no face a
face, as atividades laborais eram exercidas sem artifícios tecnológicos e o
mundo era menos informatizado. Hoje a situação é outra.
A tecnologia é parte constituinte do tempo atual. Não tem
como falar das sociedades do século XXI sem falar dos aparatos tecnológicos. As
Smart Cities (cidades que se utilizam
da tecnologia) são prova viva de que os centros urbanos não são mais simples
locais. Conexões, uso dados e informações fazem parte das cidades que estão
surgindo ou se reestruturando a partir desses aparatos em questão. Em uma aula
expositiva, o professor da Universidade Salvador, Adelino Mont’ Alverne fez um
breve resumo do desenvolvimento desse novo tipo de cidade no mundo.
“Eu disse caia na rede, não tem que não caia”. Sabiamente
Lenine resumiu em uma frase o panorama das nossas relações com o outro e com o
espaço. Estamos inseridos em uma grande rede, a qual é permeada principalmente
por artefatos tecnológicos. A todo
instante nos comunicamos (em algumas vezes, com quem está do nosso lado) pelo WhatsApp,
facebook, twitter, entre outros aplicativos que conhecemos muito bem. Porém,
esse uso de dispositivos móveis tem se estendido também às cidades. “As cidades
vão buscar soluções a partir da informação”, frisou Mont’ Alverne, ao
explicitar o uso de aplicativos pelas cidades a fim de uma maior
informatização.
Cases
Cidade de Songdo
Foto: Reprodução
Entre exemplos de cidades que estão sendo inteligentes,
têm-se a de Songdo. Ela está em fase de construção na Coréia do Sul, e tem
previsão de finalização para o início do próximo ano. Os usuários do transporte
público de Songdo terão uma facilidade: em um dado horário, caso a demanda
daquela linha de ônibus seja pouca, o valor do transporte será reduzido. Ou
seja, dá pra economizar nos intervalos de menor movimentação. Além de Songdo,
no Brasil já existe um centro de operações no Rio de Janeiro que utiliza da
informatização na busca de dados sobre a cidade. O site Rio datamine arquiva
essas informações coletadas sobre a cidade maravilhosa, sendo este um grande
banco de dados brasileiro.
Pensando numa melhoria para o funcionamento das cidades,
Alverne propôs uma atividade para a turma: construirmos um aplicativo que
facilitasse ou reduzisse os transtornos do transporte público. Nós propomos o Abasteci!
Layout do Abasteci!
Foto: Analú Ribeiro
O aplicativo será utilizado por usuários dos postos de
gasolina. Nele, as pessoas colocariam onde abasteceram, informariam o valor do
litro, além de classificar o posto de acordo com o atendimento recebido. Essa
classificação bem como o valor formam um ranking de postos melhor avaliados e
com preço mais acessível, facilitando para outras pessoas que desejam abastecer
seus veículos. O Abasteci funcionaria
com os sistemas Android e IOS e seria gratuito. Curtiu a ideia? Esse é o
intuito desses novos conceitos de cidade, utilizar a tecnologia para uma melhor
dinâmica social.
Aurora tinha 15
anos quando, em um sono profundo, foi estuprada por um homem e nove meses
depois teve dois filhos gêmeos.
“O
rei, acreditando que ela dormia, chamou-a. Mas, como ela não voltava a si por
mais que fizesse e gritasse, e, ao mesmo tempo, tendo ficado excitado por
aquela beleza, carregou-a para um leito e colheu dela os frutos do amor, e,
deixando-a estendida, voltou ao seu reino, onde por um longo tempo não se
recordou mais daquele assunto”.
A moça, então,
foi levada pelo indivíduo para morar com ele, até que descobre que o pai de
seus filhos e seu estuprador era casado. A sua esposa, depois de se indignar
com o fato de ter que conviver com a amante e seus filhos em sua própria casa,
acaba sendo morta pelo próprio marido, e, finalmente, Aurora consegue casar com o
seu tão amado rei.
Parece uma
história saída de uma notícia de um veículo de imprensa sensacionalista, mas,
na verdade, é o conto A Bela Adormecida, escrito originalmente pelo escritor francês
Charles Perrault, publicado em 1636.
Ilustração de A Bela Adormecida do Bosque / Foto: Reprodução
A história de
Aurora, amenizada e então adaptada ao cinema pela Disney em 1959, é bastante
parecida com outra história de ficção. De Aurora vamos para Annie Cameron, de
1636 para 2010, e da França para Chicago, nos Estados Unidos. No filme Confiar, Annie tem 14 anos
e ganha de presente de aniversário um MacBook – e, junto com ele, o acesso a
todas as redes sociais disponíveis na internet. Um dia, a menina resolve entrar
em uma sala de bate-papo, onde acaba, como Aurora, conhecendo o seu prínpe:
Charlie. Annie e Charlie iniciam um relacionamento virtual e mesmo após as
pequenas mentiras que a jovem vai descobrindo sobre a sua nova paixão (como a
idade, por exemplo), as conversam não acabam e finalmente chega o momento em
que Annie e Charlie vão se conhecer pessoalmente.
Cartaz de Confiar em português / Foto: Reprodução
E é aí que vem a
grande surpresa: a jovem descobre que, na verdade, o seu grande amor é um homem
de 40 anos, e, como Aurora, cai em um sono profundo de um século. Adormece
porque, de tão decepcionada, traída, e humilhada, Annie entra em um estado de
negação tão irreprimível que passa achar que não foi estuprada, mesmo sabendo
que ser obrigada a fazer sexo com alguém que não queira é estupro. Adormece
porque não consegue lidar com o próprio medo de ter se envolvido e acreditado
em alguém que durante todo o tempo mentiu e manipulou todas as informações
possíveis – e acreditou em tudo. Adormece porque sente vergonha. Adormece
porque já havia contado a todos os amigos como um jovem universitário de 19
anos estava apaixonado por ela, uma menina que mora em uma região suburbana de
Chicago e tem apenas 14 anos de idade. Adormece porque não consegue lidar com
toda a pressão psicológica que um estupro pode causar a uma mulher, e também
porque não sabe conviver com o desespero de seus pais. Annie, como Aurora,
adormeceu em uma Síndrome de Estocolmo (Transtorno em que a vítima cria uma
relação de dependência com seu agressor) e não percebeu que dormiu. Annie é a
Bela Adormecida do século XXI. Annie é a Bela Adormecida que dormiu em uma
conversa de bate-papo e não conseguiu acordar depois de uma cena de estupro.
Annie e Aurora são uma só.
A história
continua quando uma amiga da protagonista descobre o acontecido e, indo de
encontro a vontade de Annie, conta o caso aos pais da menina até que o caso vai
parar na FBI. Durante a investigação, é descoberto que o estuprador de Annie já
havia cometido o mesmo crime diversas vezes, todos com meninas com o mesmo
biotipo e idade aproximada, e, além desses elementos, todas as ações tinham um
fator essencial em comum: começaram na internet.
Trailer oficial de Confiar
Os crimes na
internet (ou cibercrimes) foram ganhando
cada vez mais espaço com o aumento do acesso das pessoas às redes sociais. Por
conta da rapidez da propagação de conteúdos e com a possibilidade escrever
qualquer coisa sobre qualquer assunto e disponibilizar para qualquer um que
tenha o interesse de ler, a exposição torna o acesso a informações e dados bem
mais fácil. A situação piora um pouco com a possibilidade de compartilhar fotos
pessoais e o local onde mora, família, e momentos íntimos.
Mas, também não
devemos enxergar a situação de maneira apocalíptica e nem ter medo de usar a
rede ou compartilhar ideias e imagens com os amigos, mas, é importante se ter a
noção de que, na verdade, não existem crimes virtuais e crimes “reais”: o que
há são crimes que começam a partir de informações coletadas na internet. Essa é
a grande diferença de Aurora e Annie – a segunda foi descoberta pelo seu
agressor a partir do meio virtual.
Juntamente com o
crescimento dos crimes virtuais, surgem também as leis que os condenam e os
sites e números que os denunciam. O Safernet, por exemplo, é um site em que,
além de poder procurar auxílio psicológico, uma pessoa pode denunciar qualquer
tipo de crime que esteja relacionado com a internet. O delegado Guilherme Iusten, da Seção de
Combate a Roubos a Bancos (Serb) que trata também de crimes contra direitos
autorais e crimes de internet comentou em entrevista ao G1 que “não temos
números exatos e oficiais que comprovam o crescimento das denúncias, mas como estamos
na ativa diariamente, podemos afirmar que tem aumentando significativamente
quando comparado ao ano passado. As pessoas estão mais informadas e procurando
os direitos, atribuo isso também à internet”.
Hoje, crimes que
começam na internet já são considerados crimes federais. Em 2012 foi criada a Lei Carolina Dieckmann, que marcou o início das penalidades para quem comete crimes
cibernéticos no Brasil, em referência a atriz que teve fotos íntimas
descobertas e espalhadas na rede. A nova lei entende como crimes virtuais os
casos em que há invasão de computadores, celulares ou tablets, mesmo sem
conexão com a internet, com o objetivo de destruir, obter ou adulterar dados.
Carolina Dieckmann, atriz brasileira que deu nome a lei que pune crimes virtuais / Foto: Reprodução
Os crimes virtuais que
geralmente ganham mais notoriedade são aqueles que envolvem pessoas famosas em
momentos íntimos. Neste ano ficou famoso o caso da atriz estadunidense Jennifer Lawrence, que teve fotos íntimas “vazadas” para a internet mais de uma vez. A
atriz chegou a declarar que quem compartilhou as imagens estão também cometendo
um crime sexual e virtual – o que não deixa de ser verdade.
Essa obsessão geral em ver e
compartilhar imagens de celebridades em situações de constrangimento, além de
ser milenar – afinal, a fofoca nasceu com o ser humano – pode ser explicada
pela ideia de Sociedade da Vigilância: em que, a partir dos aparatos
tecnológicos e da facilidade de comunicação, eu vigio você, você me vigia, e
nós vigiamos todos. Na Sociedade do Espetáculo, termo e conceito propostos pelo
filósofo francês Guy Debord, em que a imagem é a grande rainha e nós somos seus
mais fiéis súditos, quem não se divulga chega a ser visto como um ser sem vida
social, sem amigos, e, por fim, basicamente inexistente. O Espetáculo exige a
espetacularização de fatos, e até comer pode se tornar uma atração. Mas,
novamente, é importante reiterar que não se deve levar isso como algo negativo
ou pensar que antes das tecnologias os seres humanos eram melhores: o que
existe hoje é apenas uma nova forma de vida, nem melhor nem pior, e sim
diferente. Diferente no aspecto de que, atualmente, a espetacularização se tornou
mais fácil com as tecnologias de comunicação, e, antigamente, espalhar notícias
próprias era um pouco mais difícil – apenas por carta ou pela oralidade.
Provavelmente, se nossos avós tivessem tido acesso a todos esses aparatos, hoje
nos entenderiam melhor e julgariam menos.
Os reality shows são uma das maiores formas de expressão da Sociedade
do Espetáculo: há realities de
culinária, música e moda, mas os mais famosos e adorados pela população são
aqueles que envolvem celebridades, como o Big Brother, A Fazenda, Casa dos Artistas, entre outros, só para citar os mais assistidos no Brasil.
Pedro Bial, jornalista brasileiro e apresentador do reality Big Brother Brasil, o mais assistido no país / Foto: Reprodução
Uma serie de ficção recente
trouxe esse tema, mas levado ao extremo: a trilogia de livros (que estão sendo adaptados
para o cinema) Jogos Vorazes narra um mundo distópico em que uma Capital,
poderosa e rica, tem o domínio e exploração sobre 12 distritos sem autonomia.
Em Jogos Vorazes, o dito 4º poder é, na verdade, o 1º, já que a maior força do
governo da Capital está na mídia e nas imagens. E, para controlar e governar
essa sociedade excessivamente imagética, os governantes criaram os Jogos
Vorazes, um reality show em que
jovens com idades de 12 a 18 anos são mandados para a arena, que funciona
como o estúdio do programa, onde precisam lutar até que todos morram e apenas o
vencedor sobreviva. Só um fica, só um sobrevive, e só um ganha os Jogos
Vorazes, sem direito a prêmios de segundo e terceiro lugar. A filosofia de vida
da Sociedade do Espetáculo é tão visível na história ao ponto em que, mesmo
sabendo que estão condenados à morte, os jovens que participam dos jogos fazem
questão de estar sempre bem vestidos, arrumados e fotogênicos: e, como no Big
Brother Brasil, os bonitinhos e atraentes são sempre mais queridos, pelo menos
inicialmente – e o regojizo da sociedade em ver aqueles bonequinhos-de-luxo se
assassinando até o fim (das vidas de cada um) mantém a Capital feliz, empolgada
e abastecida. O fim da vida de várias pessoas é o que alimenta a vida de muitas
outras. E isso não está tão distante da nossa realidade atual.
Trailer oficial de Jogos Vorazes
Afinal de contas, de que viveriam
os jornais sensacionalistas, que exploram a morte, violência, e miséria de
populações carentes, e, por isso, conseguem um público e audiência sempre
estarrecedoramente grandes? Qual é a grande diferença entre os reality shows atuais e os Jogos Vorazes?
Geralmente, quanto mais conflitos acontecem entre os participantes dos
programas, maior é a sua audiência. O interesse humano pelas tragédias, na
verdade, vem da antiguidade, e um grande exemplo é o Coliseu e as suas épicas batalhas.
A Sociedade do Espetáculo foi ontem, é agora, e será amanhã. Viver no espetáculo
é quase um instinto humano.
Aurora, 1636, e principalmente
Annie, 2010, foram influenciadas por esse modo de vida: a primeira foi viver com o seu
algoz para esconder as marcas do estupro e por não ser socialmente aceita na
sociedade (do Espetáculo) por ser mãe solteira de filhos gêmeos, e a segunda se
afastou de todo o seu círculo social por ter sido julgada e discriminada por
ter se envolvido em um caso de estupro. A cada dia, novas Auroras e Annies
surgem em algum lugar do mundo: sex tapes,
fotos íntimas e conteúdos são espalhados por aí e o mundo se retroalimenta. Nós
sobrevivemos.
O espetáculo é preciso,
e, mesmo sem notar, todos fazemos parte do show. Pode-se ficar na plateia e
comentar, fotografar e compartilhar imagens do acontecimento. Um passo a mais,
e se pode chegar ao palco.