Friday, October 3, 2014

#SomosTodosSociais

Pense em um quarto escuro. Agora, imagine-se nele por uma hora. Dois dias. Três meses. Um ano. A sensação, eu aposto, é enlouquecedora. Agora imaginemos outro cenário. Pense em um bebê, criado longe de todo e qualquer contato humano. Uma experiência de laboratório que recebe alimentos três vezes ao dia, não conhece nosso sistema de signos, linguagem, sons. Nada. Logo, não se desenvolve como um ser humano em suas plenas faculdades mentais, assim como eu e você. Bem parecido com Kaspar Hauser, de fato. A ideia de que isso possa acontecer, eu aposto, também causa um incômodo bastante grande no seu âmago. Isso porque, caros amigos, eu e você somos seres sociais e, como tal, necessitamos de convívio. Desculpe dizer, mas é da natureza humana: fazemos isso desde o princípio, seja quando nos aliamos aos mais fortes em busca de comida, quando procuramos os melhores parceiros para procriação ou quando criamos um sistema político baseado na democracia.

Foto: Reprodução - "Redes Sociais da Antiguidade"

Essa capacidade – e necessidade! – do ser humano de viver em sociedade e em convívio com seus pares e o meio é chamada de sociabilidade. É através da socialização que um determinado grupo se desenvolve e aprimora suas habilidades, melhorando o meio no qual está inserido e aprimorando suas relações interpessoais. O que não é novo, conforme já sabemos aqui. Só é modificado e aprimorado com o tempo e com as novas formas de relações sociais que surgem.

Agora, você pode imaginar que, graças às novas tecnologias e à internet, a sociabilidade hoje não existe mais, as pessoas deixaram de se relacionar. Errado. Pode pensar então que agora ela só passa a existir apenas nas relações mediadas por dispositivos e não mais no bom e velho “cara a cara”. Errado novamente. O discurso de que a internet e as mídias digitais afastam as pessoas já está se tornando um clichê. A tecnologia não precisa ser vilanizada, passo que é a maneira como o usuário a utiliza que vai determinar a sua finalidade.

Pensemos no canal Política Sem Mistérios.


Vídeo: Política Sem Mistérios

Nele, o internauta pode aprender um pouco sobre política, compreendendo conceitos básicos do tema e ficando a par das funções de cada representante do poder público, conceitos que muitas vezes confundem as pessoas. Tudo isso em vídeos de cerca de três minutos, disponíveis em um canal digital para qualquer um assistir a qualquer momento que desejar. Assim, aprende a exercer de maneira mais consciente o seu direito como cidadão, ajudando a melhorar a vida social. É ou não é mais uma vertente da sociabilidade na internet?

Em “A Polegarzinha”, na página 23, Michel Serres comenta sobre o fato de que a maneira com a qual a nova geração de “polegares” se relaciona com o meio e com as pessoas à sua volta se modificou. Em um território marcado pela individualização do ser, a Polegarzinha procura uma nova comunidade no âmbito virtual com a qual convive assiduamente enquanto movimenta seus polegares. A noção de individualização chega a ser engraçada quando pensamos em todas as ideias de "rede" que permeiam nossa mente. Assim, a Polegarzinha expande sua essência como ser social enquanto se relaciona no âmbito pessoa/pessoa e no âmbito pessoa/máquina/pessoa.

Foto: Reprodução - A "Polegarzinha" nossa de todos os dias

Há uma nova concepção de relações interpessoais em vigência - ou, na verdade, não tão nova assim. Mas a geração "polegarzinha" tem uma maneira muito própria de se relacionar, e nem por isso passar a individualizar-se por completo. Os Polegares ampliam sua rede e, ainda conforme Serres afirma, às vezes tudo o que queremos é ter a capacidade mental da geração-polegar para acompanhar as mudanças sem a sensação de atropelamento que pode resultar dessa viagem tecnológica. O conhecimento se expande, aprendemos isso também com Serres, quando pensamos na desmaterialização da informação.

O saber sai das nossas cabeças e se aloca na rede, atingindo milhares de usuários conectados de forma simples e rápida. Seja para compreender sobre política, seja para falar de relacionamentos ou aprender sobre física nuclear. A geração de polegares se socializa de múltiplas formas e faz com que o conhecimento se expanda como nunca antes.


*Post por: Debora Rezende
*Revisão: Grupo 01

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