Friday, September 26, 2014

Uma rede... de comida!

Uma das melhores coisas que se pode ter na vida é comer aquele nosso prato favorito, concorda? Mas, às vezes, queremos variar nosso cardápio e comer algo diferente, nunca experimentado anteriormente ou uma comida que há muito não comemos e simplesmente não lembramos a receita. O que fazer? Podemos lançar o nome da comida no Google e esperar uma resposta à altura ou nos jogar na magia do Youtube e procurar um canal que nos transmita tal conhecimento.

Recentemente, tive uma vontade de comer o tradicional pão com ovo e corri maquinalmente para a cozinha objetivando concretizar o meu desejo. Porém, parado na cozinha, decidi jogar isso no Google pelo celular e de aba em aba acabei chegando a um vídeo, do canal “Cozinha para 2”, que ensinava a fazer um simples misto quente, com o título de Misto Quente Hipster. O vídeo era muito simpático. Primeiro, eles mostravam quais os ingredientes, depois passo a passo do que deveríamos fazer com cada um dos ingredientes e, por fim, um casal comendo o prato pronto. Era tudo muito simples, afinal era um simples misto quente. Deveríamos pegar duas fatias de pão integral, cortar parte do miolo em seu centro em forma de coração e recheá-lo com queijo e presunto, jogando um ovo no lugar de onde retiramos o miolo. Depois, deveríamos levá-lo ao forno pré-aquecido por 25 minutos a 200°C. Não fiz isso, pois estava faminto e daria trabalho demais seguir a receita, mas achei tudo muito conceitual, hipster, como dizia o próprio título do vídeo. Porém, levei a ideia para uma amiga no dia seguinte que falou com outra amiga por facebook que disse que faria tal receita para o namorado. Ufa! Que rede essa informação gerou.


A ideia de rede já havia sido usada na mitologia através do imaginário da tecelagem e do labirinto, na Antiguidade, ela era metaforicamente comparada ao organismo (nosso sistema de veias e artérias) e aparece na língua francesa (como réseau) no século XII. Entretanto, apenas na virada do século XVIII para o século XIX, o termo rede se atualizou para o conceito que possui atualmente, servindo para designar, de forma genérica, entidades, pessoas ou (por que não?) informações que encontram-se, de alguma forma, interligado uns aos outros. Essa informação – a receita do misto quente hipster – circulou por um grupo de pessoas a partir do momento em que eu apertei o play do vídeo do canal “Cozinha para 2” que ensinava a fazer tal receita. Sabe-se lá, nesse emaranhado de pessoas que passaram a compor essa rede, a quem essa informação chegou. E olha que isso foi uma besteira! Imagina, por exemplo, como a informação da morte do ex-candidato a Presidência da República, Eduardo Campos, não circulou entre milhões de brasileiros, seja por meio de uma rede social ou uma rede telefônica ou nossa própria rede de neurônios?

Mas, voltando ao vídeo do Youtube, decidi retornar ao canal para ver exatamente do que ele se tratava e descobri que ele abrigava várias receitas, muitas delas bem fáceis de serem preparadas. Fiquei impressionado! Apertei o play várias vezes naquele dia. Voltei ao canal outro dia para seguir a receita de uma pizza burguer que vi por lá. Bem fácil de se fazer! Reproduzi sem muito esforço a receita e realmente era ótima. O que eu estava realizando ali foi transformar algo da esfera do virtual em atual. Por que atual e não real? Segundo o filósofo francês, Pierre Levy, o antônimo de virtual é o atual, pois esse virtual significa que tal coisa existe em potência, mesmo que essa potência não venha a ser convertida em ato. Caso aja essa transformação, ela estará na esfera do atual. Enquanto que o que é irreal seria o verdadeiro oposto do real, pois os elementos da esfera do irreal não existem, nem no plano da potência, nem no plano do ato em si. No momento em que eu executei essa receita vista no vídeo, transformei essa potência que era a receita num ato consumado que foi a minha pizza burguer.

Voltei, então, ao vídeo para deixar meu comentário e percebi que várias pessoas já haviam comentando alguma coisa a respeito do vídeo. Umas tinham dito que o prato era uma delícia, outros diziam que era uma boa alternativa em dias que estivessem com preguiça de cozinhar... Enfim, percebi que os comentários do vídeo se tratavam de uma verdadeira rede de comunicações, muito similar às comunidades no Orkut ou às postagens no Facebook, onde você pode deixar sua opinião sobre o vídeo como um novo comentário ou responder a um comentário já feito, concordando ou discordando dele. E nesse ritmo, outra pessoa pode responder ao seu comentário e vocês podem iniciar uma verdadeira rede de comunicação, envolvendo duas, três, quatro, mil pessoas que se sintam a vontade para responder o seu comentário. Essa rede de comunicação, formada nos comentários dos vídeos no YouTube, em nada se diferenciam das demais redes de comunicação, como acontece com uma ligação telefônica ou, de maneira mais similar, a um chat em grupo aberto, onde quem quiser se “intrometer” na conversa, pode fazê-lo sem nenhum problema.

Foto: Reprodução

Bom, todo esse papo de vídeos sobre comida me deu a maior fome. E já que estou falando sobre um canal que posta várias receitas simples, irei dar o play em algum vídeo contendo a receita de um prato rápido e suculento para o meu lanche. Até mais!  

*Texto: Eduardo Bittencout
*Revisão: Grupo 01

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